22.12.06

Fim de 2006... ufa!


Tô muito cansada. Muito mesmo. Esse ano não foi fácil, apesar de tantos acontecimentos, alegrias e mudanças. Muitas.
Roubaram meu celular caríssimo. Comprei outro, por 49,90. Mudamos de apartamento. Continuamos no aluguel, mas agora com vista para o Lago Norte. Meu enteado de 13 anos veio morar conosco. Contratei minha primeira empregada doméstica. Helena nasceu. Gastei uma boa grana no parto, mas valeu a pena. Passei a dormir de 4 a 5 horas por dia - sempre interrompidas. Chorei junto com a Helena durante suas cólicas intermináveis. Contratei a primeira babá da Helena, e espero que seja a mesma por longos anos. Voltei a trabalhar, só que num ritmo meio estranho. Não pareço eu, ali, sentada, trabalhando, enquanto uma parte de mim continua em casa brincando, dormindo, comendo, passeando... Não consigo mais ser pontual no trabalho. Passei a lavar as mãos sempre que chego em casa. Passei a cuidar de um adolescente que não era meu filho. Tive que aprender a exercer a paciência, a tolerância e a boca fechada. Entrei no mundo das mães, só que em dois estágios simultâneos: primeira infância e aborrescência. Comecei minha enésima dieta... perdi 4 kg em 1 mês. Meus seios diminuiram. Meu quadril duplicou. Me aborreci no trabalho. Me aborreci em casa. Me aborreci na rua. Mau-humor. Muito mau-humor. Ninguém me alertou, mas os hormônios levam uma eternidade até se estabilizarem após uma gestação. Passei a fazer as unhas quando dá, de 3 em 3 meses em média. Deixei o cabelo crescer - é mais rápido de arrumar. Parei de usar relógio. Parei de usar perfume. Parei de usar brincos e colares - pelo menos enquanto estou com a Helena. Ainda não aprendi a cozinhar. Fiz bruxaria no Dia das Bruxas.
Não consegui gerenciar 3 funcionárias que não se entendem. Não consegui poupar dinheiro. Tentei malhar. Tentei mesmo, juro. Não deu.
Viciei em Lost, na TV a cabo. Decidimos retirar a TV a cabo por causa de grana. (e a nova temporada de Lost em 2007?) Criei um blog, mas não consigo deixá-lo do jeito que gostaria. Ainda não decidi se viajarei de férias de carro ou de avião. Tudo depende das condições dos aeroportos.Vendi meu carro. E não sei qual carro quero (e posso) comprar. Reforcei laços de amizade. Abandonei algumas. Me decepcionei com outras. Confirmei e reforcei meu amor pelo Ricardo. Mas quis matar o Ricardo. Quis bater no Ricardo. Quero envelhecer com o Ricardo. Quero outro filho com o Ricardo. Quero outro trabalho. Quero ganhar mais. Mas trabalhar menos. Não quero fazer concurso público. E nem quero estudar pra isso. Quero voltar a estudar, mas não sei o quê. Quero um 2007 diferente, melhor que 2006. Melhor que 2006?
Será que dou conta?

8.12.06

Vaidade



Um dia recebemos a visita de uma tia-avó, irmã da minha avó materna, a tia Lázara. Ela era super falante, uma solteirona bem-arrumada, colorida e divertida. Não sei quantos dias passou lá, mas não me esqueço de uma noite, no quarto da minha avó, nós três conversando e minha avó costurando. A tia Lazara, mexendo em sua bolsa, sacou um batom, bem pequenininho, em embalagem transparente. Fiquei fascinada quando o vi e ela me deu pra ver. Passei o batom, bem vermelho, e para o espanto das duas, ficou perfeito, sem borrão nem nada. Recebi elogios pela mão firme e como tinha ficado linda de batom. Pronto. Essa noite marcou a minha vida. A cada visita, ela trazia batons de presente pra mim. Bastou isso pra eu me sentir mulher e me estimular a passos mais ousados...

Eu nunca fui muito moleca. Eu era meio paradona, preguiçosa, gostava mais de desenhar e brincar de boneca que de correr, por isso não sofria acidentes e nem aprontava muita coisa. Não cheguei a dar muito trabalho pra minha mãe.

Mas um dia, não sei quanto tempo depois da visita da tia Lázara - essa memória a gente acaba perdendo - resolvi fuçar o banheiro da minha mãe. Tranquei a porta e com a ajuda do bidê (ainda se usava bidê, mas naquela idade eu achava que era para lavar os pés antes de dormir) subi na pia. Abri o armário e me pintei com a maquiagem dela. Aquilo era o paraíso! Tinha modelador de cílios postiços, pós, cremes, sombras cintilantes, batons... Fiquei lá um tempão me divertindo até que bateram na porta. Era minha mãe. E agora? Comecei a lavar o rosto para esconder o que tinha feito e ela na porta:

- Filha, que você tá fazendo aí? Abre a porta pra mãe.

E eu naquela situação. Bastava descer da pia e inventar uma história qualquer, já que o rosto tava limpo, mas eu não pude. Subir foi fácil, mas descer... A pia era muito alta pro meu tamanho e minha perna não alcançava o bidê de volta. O desespero tomou conta. E minha mãe na porta, preocupada:

- Filha, abre a porta.
- Não posso, mãe, eu tô em cima da pia e não consigo descer...

E chorei. Chorei de medo de descer e vergonha por ter sido apanhada no flagra. Sentindo o drama, ela pacientemente me orientou na descida, pelo lado de fora da porta, pedindo para eu escorregar a barriga de leve pela pia, descendo devagar até encostar o pé na ponta do bidê. Se não desse, era só dar um pulinho no chão. Pronto. Salva, envergonhada e com a barriga dolorida, abri a porta, achando que levaria uma bronca, mas o que encontrei foi uma mãe aliviada por ver que estava tudo bem e logo tratou de me orientar a nunca mais trancar a porta do banheiro. Só sendo mãe mesmo pra entender a aflição dela do outro lado.

Se a tia Lázara imaginasse o resultado que daria aquela sementinha vermelha que ela me deu...

Responde, vai...

Uma coisa vem me incomodando. Aliás, várias coisas, mas no momento mesmo é a minha dependência em receber e-mails. Tem virado dependência física esse negócio. Começo a sentir uma angústia enorme quando passo mais de 1 hora sem receber uma mensagem. Não tô falando de spam e nem daqueles e-mails comuns que todo mundo encaminha, como correntes, notícias, fotos engraçadas, artigos, filmes, etc.

Não consigo mais me sentar em frente a um computador sem me conectar. Preciso saber quem quer falar comigo e com quem posso falar, seja o assunto que for. O pior: preciso das respostas. Sim, as respostas são fundamentais! Como é possível enviar uma mensagem a alguém e não esperar ansiosamente por sua resposta? Vá lá, às vezes a pessoa foi ao banheiro, não foi trabalhar, tá com preguiça, tá ocupada, tá viajando, não leu ainda ou não achou relevante responder... Mas como é possível saber que recebeu uma mensagem e não abri-la, e se abrir, não responder? Tem gente que deixa passar dias... Eu não suporto. Começo a me preocupar, acho que se isso não melhorar, precisarei me tratar.

Eu finalmente consegui me livrar da dependência do relógio. Décadas olhando para o pulso esquerdo o tempo todo. Agora não mais! Por causa de uma alergia causada pela pulseira de couro vagabundo, suspendi o uso. Doeu um pouco nos primeiros dias, tive uma crise de abstinência de uma semana, mas depois... liberdade! Hoje, se me perguntam as horas eu não sei. Simples assim. E isso é tão bom! Vou tentar adotar isso para minha vida virtual.

Gente, até nas férias! Na praia dá aquela coceira pra saber como estão as pessoas, quem lembrou de mim, quem está com saudades, quem morreu, quem nasceu... É fundamental estar conectada! É uma doença desse milênio? Viciei? Ou é pura carência?

Acho que quando me “limpar” dos emails, passarei a me desintoxicar do celular... É a próxima etapa. Me aguardem.