5.2.07

O beijo


Semanas, meses até se passaram e nenhum beijo aconteceu.

Nesse tempo muitos fatos ocorreram, brigas, mal-humor, mal-entendidos, muito estresse. Cansaço, sono, noites mal-dormidas, preocupação. Em raros momentos de relaxamento, aconteciam alguns selinhos. Somente. Carinhosos, agradecidos, bonitinhos, simpáticos e até calorosos, mas bem fraternos.

Beijo na boca, daquele forte, quente, molhado, sumiu. Saiu de férias, ou melhor, de licença. Os hormônios mexeram com a sua estrutura física e emocional e o calor de outros tempos se dissiparam. Os sentimentos ficaram confusos e a fragilidade aumentou. Essa nova etapa da vida não é tão mágica. Entendam isso apenas como uma reflexão, não uma queixa.

E então, após meses de clima ameno, leve e insosso, outro tipo de beijo aconteceu. Sim, e daqueles! Forte, saudoso, apaixonado, doce, gostoso, longo... de perder o fôlego! Despretensioso e de surpresa, aconteceu dentro de uma sala de cinema, durante os traillers que antecediam o filme que seria exibido, em meio a uma conversa sobre... sabe-se lá!

Aquele papo todo, sem interesse, mas sussurrado para não atrapalhar os outros ocupantes da sala forçou um olho no olho, o cheiro do hálito, olho na boca, respiração ofegante, narizes se tocando de leve e aí o inevitável: lábio com lábio.

Apenas esse beijo trouxe de uma longa viagem todo o resto: a cumplicidade, o amor, a tolerância, a atenção, o companheirismo, a preocupação e o desejo. O calor veio de imediato, a palpitação no peito, a vontade de abraçar, de tocar, de fazer carinho, de dizer "eu te amo", de dizer "há quanto tempo!", "por onde você andava?", vontade de chorar e dizer como ele fazia falta.
Como o beijo pode ser tão banal e, ao mesmo tempo, tão essencial?

Um comentário:

Unknown disse...

Que bom ter certeza de que os beijos são fundamentais!... Mil pra você!